Detalhamento da Norma

Histórico

O surgimento do conceito de desempenho aplicado à construção civil se desenvolveu na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Com o fim da guerra, a necessidade emergencial de reconstrução de cidades inteiras exigiu o estabelecimento de parâmetros claros e viáveis de qualidade na construção. Nesse cenário foi fundado na França em 1953 o CIB (Conseil International du Batiment – Conselho Internacional de Construção, que atualmente ainda é conhecido como CIB porém possuindo o nome em inglês de Council for Research and Innovation in Building and Construction), com o objetivo de fomentar o intercâmbio de informações e pesquisas na construção civil.

A partir da criação do CIB, diversas pesquisas foram realizadas e com elas surgiram as primeiras diretrizes de desempenho das edificações. A primeira delas foi a ISSO 6241:1984, (Performance Standards in Building – Avaliação de Desempenho em Edifícios), tendo como destaque a introdução do conceito de possibilidade de mensuração do desempenho de edificações.

No Brasil, assim como na Europa, o conceito de desempenho começou a ser desenvolvido com a necessidade de avaliar novos sistemas construtivos que surgiram a fim de suprir o crescente déficit habitacional. O crescimento da economia brasileira na década de 80 impulsionou grandes investimentos na construção civil, estimulando a racionalização e industrialização da construção, que se traduziu no surgimento de sistemas construtivos inovadores como alternativas aos processos tradicionais até então utilizados. O tema começou a se consolidar através do trabalho realizado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) que fora contratado pelo Banco Nacional da Habitação, hoje inexistente, para elaborar pesquisas voltadas à avaliação de sistemas construtivos inovadores.

Ao passo que estavam sendo desenvolvidos diversos estudos de maneira independente no país, surgiu o consenso da necessidade da unificação desses estudos através da elaboração de normas para avaliação de edificações utilizando como norteador o conceito de desempenho. No ano de 1997 a Caixa Econômica Federal contratou o IPT para revisar o trabalho desenvolvido na década de 80, e posteriormente financiou, com o apoio do Finep, o Projeto de Pesquisa “Normas Técnicas para Avaliação de Sistemas Construtivos Inovadores para Habitação”, no ano de 2000. O objetivo deste projeto de pesquisa foi desenvolver um conjunto de normas técnicas de desempenho para edificações habitacionais. A partir de então uma comissão de estudos coordenou a discussão do tema e a concepção da norma brasileira de desempenho. Os textos foram aprovados por essa comissão em fevereiro de 2008 e publicados em 12 de maio do mesmo ano, com exigibilidade prevista para 2010, prazo que foi inicialmente prorrogado para 2012, em função da reavaliação de certos padrões estabelecidos pela norma, que eram de certa forma inviáveis para o mercado. Houve uma nova prorrogação para serem finalizados os trabalhos de revisão até que, em 19 de fevereiro de 2013 a ABNT publicou os textos, cuja exigibilidade passou a valer para projetos protocolados nas prefeituras a partir de 19 de julho de 2013.



Cronologia da NBR 15575


Conceito de desempenho

O conceito de desempenho aplicado à construção civil consiste em avaliar o comportamento dos sistemas da edificação frente às reais condições de uso e exposição a que estarão submetidos ao longo de sua vida útil, de modo que esse comportamento atendas às necessidades dos usuários da edificação.

A abordagem de desempenho é pensada por meio de requisitos (qualitativos), critérios (quantitativos) e métodos de avaliação que permitam a mensuração clara do cumprimento desses requisitos e critérios. O foco são as exigências dos usuários, independentemente dos materiais e sistemas construtivos utilizados. Ou seja, pensar em desempenho significa avaliar o comportamento em uso da edificação e seus sistemas, e não na prescrição de como eles devem ser executados.


Estrutura da norma



Condições de exposição

As condições de exposição se referem a todos os agentes que atuarão sobre a edificação ao longo de sua vida útil, sejam eles internos ou externos. Dentre essas condições estão a exposição às condições climáticas (chuva, vento, variação de temperatura), características do entorno do local onde se encontra a edificação (poluição, ruídos decorrentes de ocupações vizinhas e do trânsito) e condições decorrentes da ocupação da edificação (choques acidentais em paredes, batidas de portas, umidade em banheiros), dentre outros fatores que interagem diretamente com os sistemas que compõe a edificação. 


Requisitos de desempenho

São os atributos que os sistemas da edificação devem possuir para atender às necessidades dos usuários, quando submetidos às condições de exposição. Por exemplo: as paredes de fachada devem proporcionar isolamento acústico entre o meio externo e o interno (requisito), frente ao ruído aéreo proveniente do trânsito, edificações vizinhas e demais ruídos existentes no entorno da edificação (condição de exposição).


Critérios de desempenho

Os critérios de desempenho procuram traduzir os requisitos em termos quantitativos que possam ser medidos de maneira objetiva, através dos métodos de avaliação. Para o requisito de desempenho acústico utilizado anteriormente como exemplo, o critério de desempenho é o isolamento acústico (medido em decibel - dB) que a fachada deverá proporcionar.




DESEMPENHO ACÚSTICO

O som é resultado de movimentos vibratórios que são transmitidos por meios de propagação, como o ar e outros meios, segundo ondas com amplitudes e frequências variadas. Propagando-se no ar a onda pressiona o tímpano do ser humano, fazendo com que tenhamos a percepção do som. 

Em uma edificação habitacional são desenvolvidas atividades que necessitam de silêncio (sono, descanso, trabalhos que exigem concentração), e por outro lado, existem fontes geradoras de ruído. Essas fontes podem ser internas à edificação (vizinhos, instalações prediais) e externas (trânsito, edificações vizinhas). Para que os usuários possam suas atividades sem restrições é necessário o isolamento acústico adequado entre os ambientes. A edificação habitacional deve apresentar isolamento acústico adequado nas vedações externas (fachadas e coberturas), referente aos ruídos aéreos provenientes do exterior da edificação, e isolamento entre unidades autônomas e entre unidades autônomas e ambientes de uso comum, no que se refere aos ruídos gerados dentro da edificação habitacional.

A verificação dos valores de isolamento acústico se dá através dos métodos de ensaio descritos a seguir:


Método de precisão, realizado em laboratório (item 12.2.1.1 da NBR 15575-4:2013):

Este método possibilita determinar com precisão o isolamento sonoro de componentes e elementos construtivos (paredes, janelas, portas e outros), fornecendo valores para cálculo e desenvolvimento de projeto. Para estimar o desempenho global do conjunto (parede com janela, parede com porta, etc) é necessário ensaiar cada elemento ou componente isoladamente e depois calcular o desempenho do sistema. O método de ensaio é descrito na ISO 10140-2, sendo o resultado expresso em dB (decibel), adotando-se o símbolo Rw (índice de redução sonora ponderado - weighted sound reduction index).


Método de engenharia, realizado em campo (item 12.2.1.2 da NBR 15575-4:2013):

No caso das fachadas, determina em campo de forma rigorosa, o isolamento sonoro global da vedação externa (conjunto fachada e cobertura, no caso de casas térreas e sobrados, e somente fachada nos edifícios com mais de um pavimento), caracterizando de forma direta o comportamento acústico do sistema. O método é descrito na norma ISO 140-5. Tanto para fachadas, coberturas, divisórias e pisos os resultados obtidos restringem-se somente às medições efetuadas, ou seja, caracterizam o sistema naquele local específico de realização do ensaio. Os resultados obtidos são expressos em dB, adotando-se o símbolo DnT,w (diferença padronizada de nível ponderada - weighted standardized level difference).

Método simplificado de campo (item 12.2.1.3 da NBR 15575-4:2013)

Esse método, menos preciso que o de engenharia, permite obter uma estimativa do isolamento sonoro global da vedação externa (conjunto fachada e cobertura, no caso de casas térreas e sobrados, e somente fachada nos edifícios multipiso), e do isolamento sonoro global entre ambientes internos. O método simplificado é descrito na ISO 10052, sendo que os resultados obtidos restringem-se somente às medições efetuadas, ou seja, caracterizam o sistema naquele local específico de realização do ensaio. Os resultados obtidos são expressos em dB, adotando-se o símbolo D2m,nT,w (diferença padronizada de nível ponderada a 2 metros (weighted standardized level difference at 2m), sendo as medidas tomadas a 2 metros do elemento que está sendo analisado.


Sistemas de vedação vertical externos (fachadas)

Para o desempenho acústico das fachadas a NBR 15.575:2013 estabelece critérios que são baseados nas emissões de ruído existentes no entorno da localização da edificação habitacional. Se há pouco ruído externo, o critério que a fachada deve atender é menos rigoroso. Se houver ruído intenso no ambiente externo, por outro lado, o desempenho exigido para a fachada é maior.

Dentro desse contexto, a norma de desempenho apresenta três classes de ruído para que se defina o nível de emissões de ruído do entorno da edificação.


Parte da Tabela 17 da NBR 15575-4:2013 

Não há, no entanto, indicação na norma de procedimentos ou métodos objetivos para se determinar em qual classe de ruído uma determinada edificação se enquadra. Para definir a classe de ruído se faz necessário um estudo das características acústicas do entorno da edificação. 

Sugere-se que seja feita uma análise preliminar da localização do empreendimento, avaliando a existência de sistemas de transporte (rodoviário, ferroviário, aeroviário, tráfego urbano), edificações vizinhas ou outras fontes potenciais de emissão de ruídos, observando legislações específicas do local quanto aos níveis sonoros permitidos.


Exemplo de imagem de satélite utilizada para estudo do entorno de um empreendimento. Fonte: Manual ProAcústica para Classe de Ruído de Edificações Habitacionais


Podem ainda serem feitas medições acústicas de campo, a fim de caracterizar as principais fontes de emissão de ruído existentes, segundo as recomendações técnicas da NBR 10151:200, ISO 1996-2 e outros métodos reconhecidos de medição de fontes sonoras. A partir dos dados colhidos nas medições de campo, podem ser feitas simulações computacionais para estimar os níveis sonoros incidentes nas fachadas da edificação. O uso de softwares permite estimar as condições de propagação de ruído.

Exemplo de imagem de propagação sonora em perspectiva. Fonte: Manual ProAcústica para Classe de Ruído de Edificações Habitacionais

O desempenho acústico do sistema será função do isolamento proporcionado pela parede em conjunto com o isolamento proporcionado pela esquadria. Devem ser avaliados os dormitórios da unidade habitacional (fachadas de  salas, cozinhas, lavanderias e banheiros não possuem requisitos de isolamento acústico), através de um dos métodos indicados nos itens 12.2.1.1, 12.2.1.2 e 12.2.1.3 da Parte 4 da norma, conforme descrito anteriormente.


Paredes divisórias internas

Os sistemas de vedação vertical internos devem apresentar atenuação sonora referente ao ruído aéreo (conversa, TV, música, etc). A Norma de Desempenho avalia somente as paredes que separam unidades habitacionais distintas ou unidades de áreas de uso comum, ou seja, não são exigidos requisitos de isolamento acústico para as paredes internas que dividem ambientes de uma mesma unidade habitacional. O nível de isolamento acústico exigido varia em função de quais ambientes que essa parede estará delimitando.


 Os fabricantes devem realizar ensaios de laboratório (Rw - índice de redução sonora ponderado) para que os projetistas possam especificar os sistemas adequados aos requisitos da norma. Os critérios de desempenho para ensaios realizados em laboratório estão descritos na imagem acima e na tabela a seguir.


Índice de redução sonora ponderado (Rw - ensaio em laboratório) de componentes construtivos utilizados nas vedações entre ambientes

A exigência para o ensaio em laboratório (exigido para o fabricante) é maior que para o ensaio realizado em campo, em função de que em laboratório a montagem das amostras é feita mais cuidadosamente. Em campo, é comum encontrarmos camadas de revestimento com espessura inferior a indicada, juntas mal preenchidas ou frestas nas paredes, vãos no encontro entre janela e parede, vãos excessivos ao redor da folha da porta, entre outros erros construtivos que comprometem o desempenho do sistema. Para tanto, é exigido para o construtor o ensaio de campo (diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes - DnT,w), sendo que os níveis de isolamento acústico para o ensaio de campo são mais brandos, conforme a tabela abaixo.


Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes (DnT,w) para ensaio de campo

Para sistemas de vedação vertical, o desempenho acústico das paredes tem grande ligação com a Lei das Massas. Quanto mais pesada for a parede, maior será a isolação acústica proporcionada por ela. A geometria da dos blocos, quantidade, formato e disposição dos furos também influenciam diretamente o desempenho acústico da parede, o que impossibilita a determinação precisa do isolamento acústico de um sistema através somente de cálculos matemáticos, sendo necessária a realização de ensaios. Acesse a seção de Catálogo e veja todos os ensaios de desempenho acústico realizados pela Construrohr.

RESISTÊNCIA AO FOGO

A partir da publicação da NBR 15575:2013, se introduziu na construção civil brasileira o conceito de desempenho dos sistemas construtivos, a partir de uma série de requisitos e critérios baseados nas exigências dos usuários ao longo da vida útil das edificações, sendo que dentre essas exigências, as condições de segurança de uma edificação consideram ações excepcionais, como a exposição à altas temperaturas provenientes de incêndios. Conhecer o comportamento dos materiais e sistemas construtivos frente à altas temperaturas torna-se, portanto, indispensável para que se possa projetar e executar edificações que promovam condições de segurança aos usuários no caso de ocorrência dessas ações excepcionais.

Para que uma edificação seja segura contra incêndio, deve-se adotar medidas de proteção e prevenção que atendam a alguns requisitos funcionais que estão ligados a sequência de etapas de um incêndio:

  • Dificultar a ocorrência do princípio de incêndio;  
  • Ocorrido o princípio de incêndio, dificultar a ocorrência de inflamação generalizada (flashover), possibilitando ainda a extinção do incêndio antes que a inflamação generalizada ocorra;  
  • Instaurada a inflamação generalizada no ambiente de origem do incêndio, dificultar a propagação para outros ambientes;  
  • Permitir a fuga em segurança dos usuários da edificação;  
  • Dificultar a propagação do incêndio para edificações vizinhas;  
  • Manter a edificação íntegra, sem ruína parcial ou total;  
  • Permitir operações de combate ao fogo e resgate das vítimas.  

Dentro desse contexto que deve-se determinar o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) das paredes da edificação. Elas integram diversos sistemas de proteção passiva contra incêndio, como elementos de compartimentação horizontal e vertical, vedação das caixas de escada (rotas de fuga) podendo inclusive constituir o sistema estrutural da edificação, no caso da alvenaria estrutural, sendo que cada um desses elementos possui requisitos específicos de resistência ao fogo.


Segurança estrutural

Os elementos construtivos expostos a um incêndio estarão sujeitos à esforços decorrentes de deformações térmicas, que afetarão seus materiais constituintes fazendo com que eles, consequentemente, percam resistência. O efeito global dessas consequências promovidas pela exposição da estrutura da edificação à altas temperaturas se materializa na diminuição progressiva da sua capacidade resistente, de tal modo que, poderá ocorrer em determinado instante, que os esforços atuantes sejam superiores aos esforços resistentes de uma seção, causando o colapso do elemento estrutural.

A capacidade dos elementos estruturais de suportar essas ações decorrentes das altas temperaturas por um determinado período de tempo é o que chamamos de resistência ao fogo dos elementos construtivos, sendo que nesse intervalo de tempo, o elemento construtivo deverá manter sua estabilidade estrutural e características como isolamento térmico e vedação aos gases quentes e às chamas. A finalidade da segurança estrutural é manter a integridade e estabilidade da edificação nesse intervalo de tempo, possibilitando a saída em segurança dos ocupantes da edificação, condições razoáveis para o trabalho de socorro, e minimizar danos ao patrimônio, às edificações adjacentes, à infraestrutura pública e ao meio ambiente.

A estrutura da edificação possui requisitos próprios para a superestrutura (parte que se situa acima do solo) e para os subsolos. A ocupação dos pavimentos de subsolo constitui um risco à parte, uma vez que tanto a fuga quanto o combate ao fogo nesses locais apresentam dificuldades específicas. Os subsolos normalmente possuem restrições de acesso e ventilação, e o incêndio tende a dificultar a saída das pessoas e a entrada dos bombeiros, devido ao movimento ascendente das chamas, da fumaça e dos gases quentes.  Esses pavimentos enterrados devem possuir aberturas permanentes de ventilação para o exterior, para exaustão natural de gases e fumaça em ambientes de curta permanência (como garagens) ou apresentar sistema de controle de removimento de fumaça em espaços de longa permanência. Esses últimos também devem apresentar compartimentação horizontal e vertical adequada para conter possíveis incêndios dentro do próprio subsolo. Se possível, devem ainda possuir saídas alternativas, sendo uma delas com saída direta para o exterior da edificação, sem passar pelo pavimento de descarga (geralmente o térreo), pois pode ocorrer que ele esteja sobrecarregado pelas chamas ou mesmo pelas operações de salvamento e combate. 


Compartimentação

A compartimentação é uma medida de proteção passiva que objetiva conter o incêndio em seu local de origem, de modo que ele não se propague para ambientes adjacentes em um mesmo pavimento ou para outros pavimentos da edificação. Podemos, assim, categorizá-la como horizontal ou vertical.

A compartimentação horizontal é uma medida de proteção constituída de elementos construtivos resistentes ao fogo, que separam os ambientes de tal modo que o incêndio fique contido no local de origem e não se propague no plano horizontal. Incluem-se nesse conceito os elementos de vedação abaixo descritos:

  • Paredes corta-fogo de compartimentação de áreas; 
  • Portas e vedadores corta-fogo nas paredes de compartimentação de áreas; 
  • Selagem corta-fogo nas passagens das instalações prediais existentes nas paredes de compartimentação; 
  • Registros corta-fogo nas tubulações de ventilação e de ar condicionado que transpassam as paredes de compartimentação; 
  • Paredes corta-fogo de isolamento de riscos entre unidades autônomas; 
  • Paredes corta-fogo entre unidades autônomas e áreas comuns; 
  • Portas corta-fogo de entrada de unidades autônomas. 

A compartimentação vertical, por sua vez, é uma medida de proteção constituída de elementos construtivos resistentes ao fogo que separam pavimentos consecutivos, de tal modo que o incêndio fique contido no local de origem e não se propague no plano vertical. Incluem-se nesse conceito os elementos de vedação abaixo descritos: 

  • Entrepisos ou lajes corta-fogo de compartimentação de áreas; 
  • Vedadores corta-fogo nos entrepisos ou lajes corta-fogo; 
  • Enclausuramento de dutos (shafts) por meio de paredes corta-fogo; 
  • Enclausuramento das escadas por meio de paredes e portas corta-fogo; 
  • Selagem corta-fogo dos dutos (shafts) na altura dos pisos e entrepisos; 
  • Paredes resistentes ao fogo na envoltória do edifício (fachadas); 
  • Parapeitos ou abas resistentes ao fogo, separando aberturas de pavimentos consecutivos; 
  • Registros corta-fogo nas aberturas em cada pavimento dos dutos de ventilação e de ar condicionado.

Isolamento de riscos

A ocupação de uma edificação indica o uso ou as atividades que serão desenvolvidas no local. Ocupação única ocorre quando a edificação é utilizada apenas para uma finalidade, ou quando ela possui mais de uma ocupação sem que sejam atendidas as condições para que se caracterize ocupação mista. Ocorre ocupação mista quando a edificação abriga mais de um tipo de ocupação predominante, sendo ocupação predominante a atividade ou uso principal exercido na edificação.

Para fins de definição das medidas de segurança contra incêndio pode-se decidir por isolar ocupações distintas entre si, por compartimentação horizontal e/ou vertical através de elementos corta-fogo, ou ainda por afastamento entre edificações, no caso de edificações distintas dentro de um mesmo lote. Para se considerar que uma edificação ou parte dela seja individual e tenha isolamento de riscos, devem ser levados em conta dois fatores obrigatoriamente:

  • O acesso de cada estabelecimento deverá ser independente;  
  • Deverá haver a compartimentação através de elemento corta-fogo ou o afastamento entre os estabelecimentos (edificações distintas).

As diferentes ocupações das edificações possuem graus de risco de incêndio distintos, em função da carga de incêndio específica presente no ambiente. A legislação estadual do Rio Grande do Sul categoriza as edificações quanto ao grau de risco de incêndio conforme a Tabela 3 do Decreto nº 53.280 de 1º de novembro de 2016:


Em função dessa classificação que é definido o TRRF das paredes de isolamento de riscos. No caso do isolamento por compartimentação horizontal, objetiva-se evitar que o incêndio se propague lateralmente entre ocupações vizinhas, através de elementos (paredes) corta-fogo. Essas paredes destinadas ao isolamento de riscos não podem possuir nenhum tipo de abertura e devem ser contínuas até o encontro com a laje. Caso a edificação não possua laje, as paredes corta-fogo deverão ultrapassar em no mínimo 1,00 metro a parte mais baixa do telhado.


Saídas de emergência

A fim de garantir a segurança dos ocupantes em caso de incêndio, as edificações devem ser providas de meios adequados de fuga que permitam um deslocamento com segurança para um local livre da ação do fogo, calor e fumaça, a partir de qualquer ponto da edificação, independente do local de origem do incêndio. Além disso, nem sempre é possível combater o incêndio pela parte exterior da edificação, havendo a necessidade de se acessar a edificação através das próprias rotas de fuga, para efetuar ações de salvamento e combate às chamas. 

No estado do Rio Grande do Sul, as saídas de emergência devem seguir as prescrições da Resolução Técnica CBMRS nº 11 - Parte 01/2016.


Requisitos para os sistemas de vedação vertical

O critério que os sistemas de vedação vertical devem atender é o Tempo de Resistência ao Fogo (TRF), que atenda ao Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF) exigido conforme a legislação vigente. O TRF é avaliado através de ensaios prescritos na NBR 5628:2001 (Componentes Construtivos Estruturais – Resistência ao Fogo – Método de Ensaio) e na NBR 10636:1989 (Paredes e Divisórias Sem Função Estrutural – Determinação da Resistência ao Fogo - Método de Ensaio). Para a realização do ensaio, deve ser confeccionada uma amostra do sistema com tamanho mínimo de 2,50 x 2,50 m, que é acoplada em um forno específico para que seja submetida a simulação de um incêndio.


Forno para ensaio de resistência ao fogo de sistemas de vedação vertical. Fonte: itt Performance / Prof. Dr. Bernardo Tutikian


Os critérios considerados para a classificação da resistência ao fogo dos sistemas de vedação vertical são:

Estanqueidade: avalia se as chamas e os gases quentes provenientes do incêndio se propagam através de fissuras ou aberturas no elemento construtivo, podendo expor as pessoas e os objetos que se encontram na face não exposta ao fogo aos efeitos do incêndio. Ela é verificada por meio de um chumaço de algodão (seco previamente em estufa a 100°C por ao menos 30 minutos) posicionado próximo às fissuras, sendo mantido na posição durante ao menos 10 segundos. O critério é atendido caso não ocorra a inflamação do chumaço de algodão.


Verificação da estanqueidade em ensaio de resistência ao fogo.

Isolamento térmico: avalia o calor transmitido através do elemento construtivo estabelecendo limites de temperatura medidos na face não exposta ao fogo. Os limites consideram que o sistema deixa de atender ao isolamento térmico quando a temperatura média dos termopares (medidores) da face não exposta ao fogo atingir 140°C mais a temperatura ambiente, ou 180 °C mais a temperatura ambiente em qualquer um dos termopares isoladamente.


Evolução da temperatura na face não exposta às chamas, observada em câmera termográfica

Estabilidade: o elemento construtivo não deve perder sua estabilidade ou apresentar ruína durante o tempo de ensaio. No caso de sistemas com função estrutural (blocos estruturais), o ensaio é realizado com a aplicação de carga vertical na amostra, que represente a situação real de uso do sistema (executando sua função estrutural) ao longo do ensaio.

Em função desses critérios, as paredes são designadas pelo tempo que mantém essas características, sendo que dependendo de quais características são mantidas elas são classificadas como elemento corta-fogo e elemento para-chama. Elemento corta-fogo é aquele que mantém, por um determinado período de tempo, a estabilidade, estanqueidade e isolamento térmico. O elemento para-chama, por sua vez, é aquele que apresenta estabilidade e estanqueidade, não proporcionando isolamento térmico.

DESEMPENHO ESTRUTURAL

Além de indicar as prescrições das normas de projeto e execução de estruturas, que enfocam a segurança e estabilidade das estruturas frente as cargas gravitacionais, de vento e demais cargas atuantes, a norma de desempenho evidencia também o comportamento frente a outras solicitações provenientes do uso e ocupação das edificações, como a capacidade das paredes de suportarem cargas suspensas, ou a resistência de paredes e pisos a impactos de corpo duro, por exemplo.  

Os requisitos estabelecidos pela NBR 15575 para os sistemas de vedação vertical são:

  • Estabilidade e resistência estrutural dos SVVIE 
  • Deslocamentos, fissuração e ocorrência de falhas nos SVVIE 
  • Resistência a impactos de corpo mole 
  • Resistência a impactos de corpo duro
  • Solicitações de cargas provenientes de peças suspensas
  • Ações transmitidas por portas
  • Cargas de ocupação incidentes em guarda-corpos e parapeito de janelas

Esses requisitos objetivam que os sistemas desempenhem plenamente suas funções ao longo da vida útil da edificação, sob as diversas condições de exposição à que são submetidos, sem que apresentem rupturas, deslocamentos, fissuras e demais falhas que comprometam utilização plena dos sistemas.


Estabilidade e segurança estrutural dos SVVIE:

Segundo esse requisito, os sistemas de vedação vertical com função estrutural (alvenarias estruturais) devem apresentar segurança contra a ruína frente as ações passiveis de ocorrerem ao longo da vida útil do sistema, considerando-se as combinações de carregamento de maior probabilidade de ocorrência, ou seja, aquelas que se referem ao estado limite último.

Os elementos com função somente de vedação devem ter capacidade de transmitir à estrutura seu peso próprio e os esforços externos que atuem diretamente sobre eles, decorrentes de sua utilização.


Deslocamentos, fissuração e ocorrência de falhas nos SVVIE:

Esse requisito objetiva a limitação de deslocamentos, fissurações e falhas em valores aceitáveis que assegurem o funcionamento dos elementos e componentes da edificação que se relacionam com os sistemas de vedação vertical.

Considerando as combinações de carregamento passíveis de atuarem, os SVVIE devem atender aos limites de deslocamentos da tabela a seguir, sem apresentar falhas que caracterizem o estado limite de serviço.

Tabela 1 - Critérios quanto a deslocamentos e ocorrência de falhas sob a ação de cargas de serviço

Para garantir o atendimento ao requisito de estabilidade e segurança estrutural e ao requisito de deslocamentos, fissuração e ocorrência de falhas as alvenarias devem ser projetadas e executadas conforme as disposições aplicáveis das normas brasileiras que abordam projeto, especificação e execução de alvenarias estruturais e de vedação com blocos cerâmicos, sendo elas:

  • NBR 15270:2005 – Componentes cerâmicos
  • NBR 8545:1984 – Execução de alvenaria sem função estrutural de tijolos e blocos cerâmicos
  • NBR 6120:1980 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações
  • NBR 6123:1988 Forças devido ao vento em edificações
  • NBR 8681:2003 - Ações e segurança nas estruturas
  • NBR 15812:2010- Alvenaria Estrutural - Blocos cerâmicos

Impacto de corpo mole:

O objetivo deste requisito é avaliar a resistência das paredes quando submetidas a impactos de corpo mole, que simulam choques acidentais que podem ocorrer durante a utilização da edificação, como a queda de uma pessoa ou outro impacto similar sobre a parede, por exemplo. A avaliação é feita em um ensaio que consiste em aplicar impactos de corpo mole através de um saco com massa de 40 kg, solto a partir de determinadas alturas, de modo que realize um movimento pendular em direção à parede até o impacto.


Ensaio de impacto de corpo mole. Fontes: itt Performance - Prof. Dr. Bernardo Tutikian / Câmara Brasileira da Indústria da Construção - CBIC

No Anexo F da parte 4 da norma estão especificadas diferentes energias de impacto à serem aplicadas no ensaio e critérios de ocorrência de falhas no sistema, que variam se a parede tiver função estrutural ou somente de vedação, e em função da altura da edificação (edificações térreas ou com mais de um pavimento).

Para paredes internas a norma estabelece critérios para paredes sem função estrutural (somente de vedação) e com função estrutural, conforme as tabelas abaixo:




Para as paredes externas (fachadas), além de estabelecer critérios distintos para paredes com e sem função estrutural, a norma diferencia as edificações térreas de edificações com mais de um pavimento.

Para sistemas de fachadas sem função estrutural de casas térreas, são estabelecidos os critérios da tabela abaixo:



Para fachadas sem função estrutural de edificações com mais de um pavimento, a norma estabelece os critérios da tabela a seguir:


No caso de sistemas com função estrutural (alvenaria estrutural), a norma estabelece os requisitos para edificações térreas e para edificações com mais de um pavimento conforme as tabelas a seguir:



Para todas as energias deve ser aplicado um único impacto, atingindo sempre as partes opacas das fachadas, isto é, fora das regiões dos caixilhos. As paredes devem resistir a este impacto sem chegar ao estado de ruptura ou apresentar deslocamentos, fissuras e falhas que comprometam a utilização plena do sistema, conforme os critérios das tabelas apresentadas anteriormente.

Caso se deseje aumentar a resistência a impactos de corpo mole (o que é conveniente em paredes de alvenaria com larguras pequenas, como 9 cm) pode-se executar cintas de amarração, pontos de graute, armaduras corridas nas juntas de assentamento, telas metálicas embutidas no revestimento, dentre outros recursos.


Impacto de corpo duro:

Esse requisito tem por objetivo avaliar a resistência mecânica da parede frente a impactos localizados que podem ocorrer em função do uso da edificação, como o choque da quina de uma mesa ou outro objeto em uma parede, por exemplo. O desempenho é avaliado através de um ensaio em que são aplicados impactos de esferas de aço maciças nas paredes, lançadas em movimento pendular de alturas pré-estabelecidas na norma.

No Anexo F da parte 4 da norma estão indicados os níveis de desempenho, que variam de acordo com as as energias de impacto aplicadas no ensaio e os critérios de avaliação de ocorrência de falhas no sistema, sendo que há energias e critérios distintos para paredes internas e externas, independentemente se as paredes tem ou não função estrutural.

As paredes internas, sendo elas com ou sem função estrutural devem atender às especificações da tabela abaixo:


Já as paredes externas (fachadas), com ou sem função estrutural, devem seguir as indicações da tabela a seguir:



A parede deve resistir as energias de impacto sem chegar ao estado de ruptura, apresentar transpassamento, fissuras, escamações ou qualquer tipo de dano, sendo admitido apenas mossas localizadas (marcas deixadas pelo impacto).


Mossas (marcas localizadas) deixadas pelos impactos de corpo duro. Fonte: itt Performance


Solicitações de cargas provenientes de peças suspensas atuantes nos sistemas de vedações internas e externas:

Esse requisito objetiva avaliar a capacidade das paredes de resistir às solicitações originadas pela fixação de peças suspensas (objetos diversos como armários, prateleiras, quadros, entre outros).

A avaliação é feita através de um ensaio que consiste em instalar um dispositivo de fixação na parede para posterior aplicação de cargas, conforme o procedimento descrito no Anexo A da Parte 2 da NBR 15575.


Ensaio de solicitações de cargas provenientes de peças suspensas. Fonte: itt Performance

Os níveis de desempenho estão especificados no Anexo F da Parte 4 da norma, em função das cargas aplicadas no ensaio, conforme a tabela a seguir:


A parede deve suportar às cargas suspensas aplicadas sem apresentar fissuras, lascamentos, deslocamentos horizontais, rupturas, nem permitir o arrancamento dos dispositivos de fixação e objetos fixados na parede.


Ações transmitidas por portas:

Segundo esse requisito, as paredes devem permitir o acoplamento de portas e resistir às solicitações provenientes de fechamentos bruscos e à ações de impactos de corpo mole que possam vir a ocorrer na folha da porta. A avaliação do desempenho é feita em um ensaio que estabelece dois critérios:

Quando a porta for submetida a dez operações de fechamento brusco, o sistema não deve apresentar falhas tais como rupturas, fissurações, destacamentos no encontro com o marco, cisalhamento nas regiões de solidarização do marco, destacamentos em juntas entre os blocos que compõe a parede e outras falhas.

Sob a ação de um impacto de corpo mole com energia de 240 J, aplicado no centro geométrico da folha da porta, não deve ocorrer arrancamento do marco, nem ruptura ou perda de estabilidade da parede. Admite-se, no contorno do marco, a ocorrência de danos localizados, tais como fissurações e estilhaçamentos.

Para esse requisito a norma fixa apenas o nível mínimo de desempenho, que é atingido quando o sistema ensaiado atende aos critérios citados acima. Em sistemas de vedação vertical de alvenaria com blocos cerâmicos, os fatores preponderantes para que esse requisito seja cumprido estão mais ligados ao projeto, onde deve-se observar os vãos necessários e às especificações de instalação da porta, ambas conforme instruções do fabricante, de modo que se consiga fixa-las adequadamente na alvenaria.


Cargas de ocupação incidentes em guarda-corpos e parapeito de janelas

ESTANQUEIDADE

A umidade pode vir a ser uma fonte potencial para diversos problemas que poderão comprometer as condições de saúde e higiene de uma habitação, como doenças respiratórias e formação de fungos. Além disso, a penetração de umidade nos elementos construtivos é uma das maiores causas de diversas patologias e consequente comprometimento da durabilidade das edificações.

Frente a essa importância da estanqueidade à água, a NBR 15575 estabelece exigências de estanqueidade à água da chuva para as fachadas, pisos e paredes de áreas molhadas, coberturas e demais sistemas da edificação. 

Para os sistemas de vedação vertical, a NBR 15575 traz exigências de estanqueidade tanto para as vedações externas (fachadas) quanto para as internas (paredes internas):

  • Estanqueidade à água da chuva (fachadas) 
  • Estanqueidade em áreas com incidência direta de água – áreas molhadas e áreas molháveis (paredes internas e externas)

Estanqueidade de paredes externas (fachadas) à água de chuva:

A estanqueidade de uma fachada à água da chuva está relacionada não somente aos índices pluviométricos do local onde se encontra o empreendimento como também a velocidade característica e a direção do vento que incidirá sobre essa fachada. Os parâmetros de avaliação variam em função das regiões de vento identificadas no mapa de isopletas da NBR 6123:1988.


Mapa brasileiro de isopletas. Fonte: Adaptado de NBR 15575-4:2013

Para cada uma dessas regiões a NBR 15575 estabelece a pressão estática a que deve ser submetida a parede ao longo de um ensaio que simula a ação do vento e da chuva simultaneamente.


Para essas condições, os sistemas de vedação vertical externa, incluindo as junções entre a janela e a parede, devem permanecer estanques e não apresentar infiltrações que proporcionem borrifamentos, escorrimentos ou formação de gotas de água aderentes na face interna. Os níveis de desempenho estão atrelados a formação ou não de pequenas manchas de umidade, limitadas em percentuais de área em relação a área total da parede exposta à chuva. 


Condições de ensaio e níveis de desempenho de estanqueidade



Ensaio de estanqueidade em sistema de vedação vertical

As esquadrias presentes nas fachadas devem atender também às especificações da NBR 10821:2017.


Estanqueidade de paredes internas e externas expostas à áreas molhadas e áreas molháveis:

Para conceituar corretamente os critérios de estanqueidade das paredes à umidade decorrente da ocupação da edificação é necessário diferenciar áreas molhadas de áreas molháveis.

Áreas molhadas são áreas de uma edificação cujas condições de uso e ocupação podem resultar na incidência direta de água na parede, através da formação de lâmina d’água, como em banheiros com chuveiro e áreas de serviço.

Áreas molháveis são áreas que podem receber respingos d’água em razão do uso e ocupação da edificação porém sem a formação de lâmina d’água. Como exemplo de áreas molháveis podemos citar banheiros sem chuveiros, lavabos, sacadas cobertas e cozinhas.

A norma estabelece que as paredes internas e externas não devem permitir a infiltração de água através de suas faces, quando expostas à áreas molhadas e molháveis. Para garantir isso, fixa dois critérios: um para áreas molhadas e outro para áreas molháveis.

A estanqueidade em áreas molhadas é comprovada através de um ensaio onde uma área com dimensões de 34 x 16 cm é exposta à presença de água, com pressão constante, por um período de 24 horas, sendo que a parede não pode permitir a penetração de mais de 3 cm³ de água.

Em áreas molháveis, as paredes não devem apresentar presença de umidade em ambientes contíguos, desde que respeitadas as condições de ocupação e manutenção previstas no manual de uso e operação da edificação. O método de avaliação deste critério consiste na análise de projeto (o projeto deverá contemplar os detalhes construtivos necessários) ou na avaliação visual a 1 metro de distância, no caso de avaliação em campo.


Importância do projeto, dos serviços de execução e das ações de manutenção e operação:

A infiltração de água em paredes ocorre normalmente através de fissuras, falhas de rejuntamento, falhas na execução da interface entre parede e caixilhos, empoçamento de água em peitoris, etc. Além da utilização de sistemas de vedação com desempenho comprovado, o aparecimento de problemas relacionados a estanqueidade será evitado através da adoção de detalhes construtivos adequados, sendo fundamental a correta escolha e execução do sistema de revestimento e acabamento. Além disso, para haver a manutenção da estanqueidade é fundamental realizar as intervenções periódicas previstas no manual de uso operação e manutenção da edificação.

DESEMPENHO TÉRMICO

O desempenho térmico caracteriza-se no comportamento da edificação e seus componentes (paredes, janelas, coberturas) visando condições adequadas de conforto térmico que repercutem diretamente nas principais atividades desenvolvidas em uma habitação. Além disso, boas condições de desempenho térmico contribuem para a economia de energia da edificação. É importante destacar que a NBR 15575:2013 não trata de condicionamento artificial das edificações. Ou seja, todos os critérios de desempenho foram estabelecidos com base em condições naturais de insolação, ventilação e outras

O desempenho térmico de uma edificação depende de diversas características, ligadas a sua localização (topografia do terreno, temperatura e umidade do ar do local, incidência de vento, etc.) e características da própria edificação (materiais utilizados, dimensões da edificação e de seus ambientes, etc.). 

Devido a sua vasta extensão territorial, o Brasil possui uma grande variedade de climas, o que torna a localização do empreendimento um fator determinante nas diretrizes de um projeto tendo em vista o desempenho térmico da edificação. A NBR 15220-3:2003 divide o país em oito regiões bioclimáticas, conforme ilustrado no mapa bioclimático brasileiro.


Mapa bioclimático brasileiro. Fonte: Adaptado de NBR 15.220-3:2003


Para cada uma dessas regiões, é definido o dia típico de inverno e o dia típico de verão, estabelecidos com base na temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação solar incidente para o dia mais frio e para o dia mais quente do ano, respectivamente, segundo a média observada em um número representativo de anos.

Para avaliar o desempenho térmico da edificação, a norma estabelece dois procedimentos:


Procedimento 1A - Simplificado (normativo):

Esse procedimento consiste em comparar os valores de transmitância térmica e capacidade térmica das paredes de fachada e das coberturas com os valores admissíveis estabelecidos na norma. Esses valores admissíveis são apresentados nas tabelas a seguir:


Valores admissíveis de transmitância térmica



Valores admissíveis de capacidade térmica

Atendidos esses valores, considera-se que as paredes atendem ao nível mínimo (M) de desempenho. Caso uma das condições limites não seja atendida (fachadas e coberturas), ou se deseje classificar os sistemas em níveis de desempenho intermediário (I) e superior (S) é necessária a realização de uma simulação computacional.


Fluxograma de avaliação de desempenho térmico. Fonte: IPT/CBIC

Procedimento 1B - Simulação computacional (normativo):

Quando os valores de transmitância térmica e/ou capacidade térmica não forem atendidos, conforme os valores admissíveis estabelecidos pela NBR 15.575:2013, o desempenho térmico global da edificação deve ser avaliado através de simulação computacional utilizando-se o software Energy Plus ou outro software validade pela ASHRAE Standard 140 e permitam a determinação do comportamento térmico de edificações sob condições dinâmicas de exposição ao clima. 

Para a realização das simulações computacionais, devem ser utilizados como referência os dados das Tabelas A.1, A.2 e A.3  do Anexo A da NBR 15.575-1:2013. Na inexistência de dados da cidade onde está localizada a edificação, recomenda-se a utilização de dados de cidade próxima que possua características semelhantes.

Procedimento 2 - Medição in loco (informativo):

Consiste em verificar os requisitos e critérios da norma através de medições em edificações existentes ou protótipos construídos para a realização de ensaios. Esse procedimento tem caráter apenas informativo, e não substitui ou sobrepõe os procedimentos normativos.


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